Capítulo 10
✦♰✦ E Se o Papa Canalha se Tornar Competente ✦♰✦
tradução: manteiga • revisão: Daniel
◈ 10. A maça ensanguentada do inquisidor.
“não!!!”
o grito de rubin irrompeu como um lamento desesperado.
ao mesmo tempo, eu desci minha arma secreta, o maço ensanguentado do inquisidor (s), sobre a estátua.
bang!
um estrondo ensurdecedor reverberou pela capela.
como se fosse combinado, a habilidade especial do maço foi ativada e uma mensagem do sistema apareceu.
[o maço ensanguentado do inquisidor reage a uma força desconhecida! ele destrói energias malignas e estrangeiras com convicção sagrada!]
este maço, que eu acabei de usar, era um item de classe s projetado para obliterar energia mágica.
uma relíquia do passado, dizia-se que havia sido empunhada pelos inquisidores durante uma era em que magia e feitiçaria eram consideradas heréticas e impiedosamente purgadas.
a convicção fanática daqueles inquisidores, que balançavam esse maço ao menor sussurro da palavra ‘magia’, havia impregnado o maço ao longo dos séculos.
[Dani: “inquisidores” né? Me lembro de Star Wars e os inquisidores😌]
essa arma, imbuída de seu zelo, havia se tornado um item amaldiçoado único com um atributo de ‘destruição’.
‘demorou um bom tempo para conseguir pegar emprestado isso no museu da igreja.’
inicialmente, eu tinha considerado trazer um item padrão de purificação.
mas os itens de purificação são absurdamente caros—absurdamente caros—e sua eficiência deixa muito a desejar.
então, pensei em um plano melhor.
‘combater fogo com fogo.’
se veneno pode ser usado para combater veneno, por que não usar um item amaldiçoado irradiando energia maligna para purificar—ou melhor, aniquilar—a força malévola?
como esperado, quando as duas formas incompatíveis de energia sombria colidiram, elas se rasgaram violentamente uma à outra, buscando a destruição mútua.
crack!
um som grotesco, como o tecido do espaço se rasgando, preencheu o ar.
e com isso veio uma dor lancinante pelo meu corpo, como se eu também estivesse sendo despedaçado.
‘essa reação… é muito mais forte do que eu pensava…’
com a habilidade de purificação do pacto da inviolabilidade divina ativada e o poder destrutivo do maço combinado, tentei esmagar a fonte da energia.
se fosse um objeto qualquer, já teria se despedaçado há muito tempo.
mas o poder ancestral imbuído na estátua dourada resistia ferozmente à força do maço, enviando uma onda de choque diretamente pelo meu corpo.
eu cerrei os dentes e me concentrei unicamente nos números exibidos na janela do sistema, tentando suportar a dor lancinante.
[destroindo o núcleo mágico…]
— progresso atual: 13%
lentamente, agonizantemente lentamente, o núcleo estava sendo quebrado.
eu cerrei a mandíbula e aguentei, me preparando enquanto o progresso avançava a passos de tartaruga.
— 36%
.
.
— 54%
.
.
— 79%
.
.
os números continuaram subindo, embora devagar.
enquanto os observava subindo em tempo real, eu rezava internamente.
‘merda, apressa logo!’
mas quando o progresso alcançou 91%, o desastre aconteceu.
“urgh—! cough, cough, hack…!”
um repentino jorro de sangue subiu de dentro de mim, espalhando-se pela minha boca.
as forças em colisão haviam gerado uma onda de choque tão poderosa que parecia ter danificado meus órgãos internos.
infelizmente, minha sequência de azar não terminou por aí.
[tempo de duração da habilidade excedido. a habilidade 「pacto da inviolabilidade divina」 foi desativada!]
o quê? já se passaram vinte minutos?
a mensagem piscou diante dos meus olhos, e eu rangeria os dentes em frustração.
a sinergia entre a habilidade pacto da inviolabilidade divina e o maço tinha sido a chave para fazer progresso na purificação.
mas, claro, ela teve que expirar agora.
assim que a habilidade foi desativada, o progresso desacelerou visivelmente.
‘…tudo bem. falta apenas 9%. com uma poção de alta qualidade, consigo curar o dano interno rapidamente. só preciso aguentar um pouco mais.’
esse pensamento foi o único consolo.
o atraso estava me frustrando, mas eu disse a mim mesmo que era administrável.
afinal, já estava perto do fim.
mal sabia eu que uma dor ainda maior me aguardava.
[creak… scree-eek…]
a estátua dourada, que eu quase havia purificado, de repente se torceu em uma expressão grotesca e começou a emitir sons estranhos e inquietantes.
e isso não era tudo.
uma espessa energia escura que eu nunca tinha encontrado antes começou a vazar da estátua, fluindo livremente em uma onda ameaçadora.
‘o que… é isso?’
a névoa negra e amorfa serpenteava ao redor, movendo-se como se estivesse procurando algo—seu próximo recipiente.
no momento em que percebi sua intenção—
“…!!”
—ela se lançou diretamente contra mim.
fazia muito tempo que eu não sonhava.
este sonho me levou de volta a uma época antes de eu me tornar nikellus.
era a memória de uma noite em que meus amigos, frustrados pela minha recusa constante em sair, finalmente me arrastaram para beber.
naquela noite, com todos já levemente embriagados, um deles de repente trouxe à tona um tópico inesperado.
“ei, você já ouviu falar daquele cara? o da turma ao lado—aquele que ia fazer faculdade de esportes, mas teve que desistir depois de quebrar o osso naquele acidente?”
era sobre um colega que eu mal lembrava, então apenas escutei em silêncio.
enquanto isso, o cara que começou a história continuava, tão empolgado como se tivesse encontrado um tesouro escondido.
“ele está indo muito bem ultimamente. já comprou sua própria casa e até um carro.”
“…ele já tem uma casa própria? deve ter recebido ajuda dos pais.”
outro amigo zombou, seu tom cheio de sarcasmo, mas o contador de histórias balançou a cabeça.
“não, ele conquistou tudo sozinho. sabe aquele jogo que estão anunciando por aí? algo como ‘call of the ruined worlds’, ou algo assim? ele fez uma fortuna vendendo itens do jogo—tipo, ganhando cem milhões ou até duzentos milhões de uma vez.”
“cem milhões!? duzentos milhões…!? isso é até possível?”
“bom, o jogo está bombando, então tem muita gente rica investindo nele. sabe, donos de imóveis decorando seus personagens, bilionários entediados jogando… esse tipo de público gasta uma fortuna, então itens raros vendem por preços insanos, e alguns estão ganhando muito com isso.”
“uau… ele estava acabado depois que a lesão estragou seus sonhos esportivos, mas agora está vivendo a boa vida, hein?”
o grupo riu, brincando, sem a menor seriedade no tom.
“talvez eu devesse largar tudo e começar a jogar também―”
eles podiam rir.
vieram de famílias que os sustentariam na faculdade e nos empregos confortáveis.
para eles, jogar nunca passaria de uma piada.
mas para mim?
era diferente.
naquele momento, eu estava encurralado.
não conseguia nem pagar as contas de hospital do meu pai ou as despesas diárias.
aquela história sobre o meu antigo colega de classe parecia menos fofoca e mais uma intervenção divina—uma revelação.
‘se eu conseguir…’
se ele conseguiu dar a volta por cima assim, talvez eu também conseguisse.
naquela noite, com o julgamento nublado pelo álcool e pela desesperança, peguei todo o dinheiro que me restava e comprei uma cápsula de jogo.
a cápsula de segunda mão estava cheia de arranhões, e seu interior estava manchado com marcas amareladas duvidosas.
não era nada glamoroso, mas nada disso importava.
eu estava exultante.
só de ter aquela cápsula parecia ser o primeiro passo para algo melhor.
‘agora, tudo o que eu preciso fazer é ganhar dinheiro, certo?’
entrei no jogo com o coração cheio de antecipação e comecei a fazer e vender poções.
poções de baixa a média qualidade eram fáceis de criar, e havia muitos jogadores dispostos a comprá-las só para evitar o trabalho de fazer as suas próprias.
parecia uma estratégia sólida.
enquanto outros exploravam o mundo virtual, eu me concentrava, coletando ervas para ingredientes, fabricando poções e vendendo-as para jogadores mais ricos.
repeti esse processo sem fim, dia após dia.
um mês depois, verifiquei minha conta bancária, com as mãos tremendo de esperança.
‘duzentos e trinta e oito mil wons…?’
o valor me encarou friamente.
um mês inteiro pulando refeições, vivendo apenas do jogo, sacrificando a melhor parte dos meus vinte e poucos anos, tudo por um total de 238.000 wons.
ficar trancado na cápsula por tanto tempo havia afetado minha saúde, e ainda assim tudo o que eu tinha para mostrar era 238.000 wons.
‘isso não vai dar.’
mesmo que eu melhorasse minhas habilidades de fabricação de poções e dobrasse meus ganhos para 200.000 wons, ainda não seria o suficiente—não com a montanha de dívidas que meu pai deixou para trás.
então, parei de vender poções.
em vez disso, foquei em evoluir meu personagem.
claro, eu não conseguia acompanhar os jogadores que gastavam dinheiro real para ficar mais fortes, mas compensava isso com esforço e tempo.
dediquei cada momento livre ao jogo, me esforçando mais do que qualquer outra pessoa.
meus amigos e conhecidos começaram a se preocupar comigo, comentando sobre como eu estava pálido.
mas eu não parei.
quando finalmente consegui juntar algum dinheiro significativo, meu pai, que estava internado o tempo todo, faleceu.
com sua morte, o fardo das contas do hospital desapareceu, mas, curiosamente, eu me tornei ainda mais obcecado em fazer dinheiro.
olhando para trás, talvez fosse só uma forma de escapar da realidade.
e assim, passei mais um ano vagando pelo mundo destruído do jogo, evitando as dificuldades da vida real.
então, um dia…
[parabéns! você foi selecionado para um evento especial exclusivo para usuários de longa data!]
▶ título do evento: para você, que trabalhou dez vezes mais do que os outros—embarque em uma emocionante aventura em um novo mundo! ◀
enquanto todos os outros estavam se divertindo com aventuras emocionantes, eu trabalhava como uma formiga, suportando a dureza da realidade. os gafanhotos zombavam da formiga, dizendo que ela não tinha a alegria de uma vida despreocupada. no entanto, a formiga sabia do inverno amargo que o gafanhoto nunca entenderia.
sua diligência nas preparações, nascida dessa compreensão, um dia dará frutos de maneiras inesperadas.
―missão 1: use o ingresso para a masmorra fornecido para ser o primeiro a entrar na masmorra secreta, ‘catedral lucidmiller’.
―missão 2: enfrente o chefe final da masmorra, ‘nikellus’.
―missão 3: encontre o tesouro escondido, o ‘peça oculta’, em algum lugar dentro da masmorra!
limite de entrada na masmorra: 1 jogador
validade do ingresso: 10 minutos (item intransferível)
recompensas da missão: ???
em minhas mãos estava um ingresso para a masmorra dourado e brilhante—um golpe de sorte inesperado.
segurando aquele ingresso suspeito, que poderia ser tanto uma bênção quanto uma maldição dos deuses, ri alto pela primeira vez em muito tempo.
—
“ugh…”
no momento em que acordei do sonho, a dor percorreu meu corpo inteiro.
meus braços, pernas—não havia uma parte que não doesse.
com dificuldade, consegui levantar as pálpebras pesadas e encontrei rubin me olhando.
“você acordou? eu avisei, era perigoso mexer com aquilo.”
“o que aconteceu depois que eu desmaiei?”
com uma dor de cabeça pulsante, tentei juntar as memórias fragmentadas.
“no momento em que a habilidade acabou, uma onda de magia negra ou algo assim invadiu a estátua dourada e foi em direção a mim. aí, do nada, uma bola de pelo vermelho pulou na minha frente… foi você?”
quando aquela energia negra e embaçada se aproximou de mim, percebi instintivamente que ela estava atrás do meu corpo.
não fui rápido o suficiente para desviar, e assim que me preparei para o impacto, uma mancha vermelha entrou na minha linha de visão.
aquela bola de pelo vermelho—provavelmente rubin—bloqueou o caminho, ficando de forma protetora na minha frente.
então, num piscar de olhos, o corpo dele se expandiu, transformando-se em uma enorme raposa… ou lobo?
algum tipo de fera de quatro patas, que engoliu a névoa escura de uma só vez.
“é, fui eu. quando sou seu guia, fico nessa forma pequena. mas quando sou seu guardião, assumo uma forma maior.”
“guia e guardião? você está trabalhando em dois turnos, hein. mas sobre aquela névoa negra—era magia? tem certeza que é seguro engolir? aquilo parecia tóxico pra caramba.”
“como você conseguiu purificar 91% dela, acho que vou sobreviver.”
“acho que vai sobreviver?”
isso não parecia nada reconfortante.
estava prestes a perguntar de novo se ele estava realmente bem, mas rubin rapidamente mudou de assunto.
“enfim, a estátua foi totalmente purificada. leva ela com você.”
“…isso é mesmo ok?”
“qual o sentido de deixar ela aqui? o deus da guerra e da vitória, este templo da lua carmesim—ninguém se lembra mais de nada disso.”
“hmm…”
“no passado, aquela estátua dourada estava imbuída com poder divino—uma energia suave e calorosa que confortava guerreiros que não tinham escolha a não ser acabar com a vida dos inimigos pelo bem de sua terra natal.”
rubin gesticulou em direção à estátua dourada desfigurada com sua cauda.
“mas o tempo passou. eventualmente, ela se tornou o que você vê agora—uma fonte de magia maligna. mesmo sabendo o que ela havia se tornado, eu continuei vigiando ela, esperando. acho que eu não queria admitir que a era que eu desejava nunca mais retornaria.”
a voz de rubin carregava um tom de melancolia, embora ele rapidamente mascarasse isso enquanto continuava.
“graças a você, consegui me livrar disso. você foi o primeiro visitante que tive em tanto tempo, e eu não poderia deixar você morrer por causa das minhas frustrações.”
“…obrigado por me ajudar. vou te dar um monte de algodão doce quando sairmos daqui.”
rubin não respondeu, mas me ofereceu um sorriso tênue antes de me entregar um pingente de prata.
“leva isso.”
“…o que é isso?”
“é um item de armazenamento de memória. guardei minhas memórias passadas ali.”
aceitei o pingente quase reflexivamente, examinando-o de perto.
dentro do pingente, embutido em seu centro, havia uma esfera de cristal onde as memórias de rubin estavam sendo exibidas em curtas sequências vívidas.
as memórias mostravam rubin sendo criado por antigos feiticeiros e recebendo seu primeiro nome.
mostravam-no guiando uma criança perdida pelo templo cheio de adoradores.
mais tarde, haviam memórias dele sozinho no templo abandonado, limpando a capela depois que os visitantes pararam de vir.
esperando, esperando e esperando—essas memórias se estendiam infinitamente. e então—
“venha conosco.”
uma voz nas memórias o incentivava.
entre os incontáveis e imutáveis dias que se repetiam como o nascer e o pôr do sol, finalmente um visitante chegou.
as memórias registradas de rubin daquele momento tremiam como se ele tivesse ficado profundamente nervoso com o meu convite para sair comigo.
a filmagem também incluía a memória dele mordendo o algodão doce que eu lhe dei.
essa sequência encerrava o conjunto de memórias, apenas para que a filmagem retornasse ao início, tocando sem fim, como se dissesse que continuaria para sempre.
“por que você está me dando isso—”
comecei a perguntar, mas antes que eu pudesse terminar, uma mensagem do sistema apareceu.
[você completou o quinto oráculo principal! deseja reivindicar sua recompensa?]
- sim
- não