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Tradutor: Fleur Revisor: Fleur
Naquela época, a situação ao redor começou a tomar um rumo estranho.
As estalagens, que até pouco tempo atrás chamavam clientes ativamente, começaram a mandar as pessoas embora uma a uma, e algumas até fecharam as portas com hóspedes ainda dentro.
No início, eram apenas duas ou três estalagens, mas depois disso, todas, grandes ou pequenas, encerraram as atividades. E tudo isso aconteceu em menos de um quarto de hora desde que eles haviam saído para a rua.
“Todas as estalagens fecharem de repente a essa hora e recusarem hóspedes… Isso é estranho.”
“Isso até eu percebo.”
Concordando com Seol Yeong, Namgung Huimyeong acelerou o passo, praticamente arrastando Yeoil junto.
No meio daquela travessia rápida pela rua, agora deserta:
“Lorde Namgung Huimyeong?”
A voz veio não muito distante, fazendo Huimyeong parar de correr.
O olhar de todos se fixou na pessoa que se aproximava cada vez mais por trás.
“Sabia… Não era minha vista me enganando!”
A voz cansada revelava o estado debilitado da mulher, visível a olho nu.
Ela mancou levemente de uma perna e, sempre que tentava acelerar, seu rosto se contraía de dor.
Parecendo já conhecê-la, Namgung Huimyeong perguntou com estranheza:
“O fechamento das estalagens tem algo a ver com você?”
“Sim. Eu espalhei o boato. Disse para trancarem as portas e ficarem em silêncio, pois logo o fantasma chegaria…”
Ela parou no meio da fala e perguntou com cautela:
“E essa pessoa ao seu lado?”
Parecia se referir a Yeoil.
“Minha irmã, Namgung Soyo. Que tipo de fantasma é esse afinal?”
A resposta fez a mulher soltar um suspiro de desespero.
“Ah! Meu Deus… Sua irmã, e ainda por cima… cega…”
“Seria melhor medir as palavras.”
Diante do frio aviso de Huimyeong, a mulher admitiu sem hesitar o erro.
“Peço desculpas. Depois pedirei desculpas formalmente por falar sem pensar, mas, por ora, saiam daqui o quanto antes!”
“…Sair? Pensei que fosse pedir ajuda.”
“Se estivesse sozinho, certamente eu pediria. Mas, na situação atual, não posso. Esqueçam o que disse e vão!”
Logo depois, a mulher desapareceu tão rápido quanto havia aparecido.
“Fantasma…”
Enquanto Yeoil, com os olhos semicerrados, seguia com o olhar a silhueta que se afastava, Chang’a, que estava nas costas de Seol Yeong, murmurou baixinho:
“Aquela pessoa parece muito doente…”
Talvez a expressão dela estivesse pior do que imaginavam, pois até o semblante de Huimyeong endureceu.
“O irmão disse que um guerreiro deve proteger os fracos. Eu só queria seguir isso.”
As palavras vieram à mente de repente.
Proteger os fracos, algo que só um coração jovem poderia acreditar e também algo que um coração jovem poderia ignorar.
Yeoil pensou no próprio passado.
Uma vida construída sobre inúmeros pecados. Na infância, viveu sem crenças nem objetivos, tão diferente do atual Huimyeong que não poderia sequer se comparar.
“Estou bem, Lorde Huimyeong.”
Talvez fosse por isso que decidiu se envolver numa situação que não lhe traria benefício algum.
“De repente, está bem do quê?”
“De ajudá-la, é claro.”
“…”
“Melhor alcançá-la antes que seja tarde. Ajudar os fracos não é o código de honra da Casa Namgung? Embora eu tenha sentido firmeza na voz dela, parece debilitada.”
Huimyeong soltou um suspiro curto.
“Olha, Soyo, eu vim para te proteger. E se acontecer algo ajudando assim sem pensar?”
“É justamente por isso que estou dizendo isso.”
“O quê?”
“Porque sei melhor que ninguém como é estar na posição de fraco.”
Falando não como Yeoil, mas como Namgung Soyo, pareceu acalmar um pouco a confusão dele.
“Hmph. Depois não diga que não avisei.”
Huimyeong, carregando Yeoil nas costas, disparou. Não demorou a alcançar a mulher, que reagiu surpresa:
“O q-que está fazendo?”
“Parece que há um problema, então vamos juntos. Para onde vamos?”
Mesmo diante da boa vontade, ainda que ríspida, a reação dela foi fria:
“Você ainda não entendeu? Mal conseguirá proteger sua irmã, então me deixe e vá para qualquer lugar…”
“Minha irmã já decidiu ajudar, então é tarde demais. Com licença.”
“O quê…!”
“Se não quer cair, segure firme. Os braços estão bons, não estão?”
Huimyeong pôs Yeoil em seus braços e colocou a mulher nas costas.
Fleur: só me veio na cabeça a música “A MAN, A MAN, A MAN”
Movimento leve e estável.
Mesmo carregando duas pessoas, sua respiração e passos não vacilavam, e a velocidade era constante.
Além disso, ele mantinha um ritmo que permitia a Seol Yeong acompanhá-los sem se atrasar, um corpo com aptidão natural de guerreiro.
Depois de algum tempo correndo, a mulher falou, ofegante:
“…Obrigada, jovem mestre. Recebi uma grande ajuda.”
Tossindo levemente, ela se dirigiu também a Yeoil:
“Desculpe a demora na apresentação, senhorita Namgung. Sei que não é hora para isso, mas… sou Yurim, da Montanha Hua. Por certas circunstâncias, perdi dois irmãos seniores e estou atravessando a província de Hubei sozinha.”
“Perdeu seus irmãos seniores? Quer dizer que todos os guerreiros da Seita Montanha Hua foram derrotados?”
“Sim… Isso mesmo.”
Com expressão de pesar, Yurim mordeu os lábios, enquanto Huimyeong perguntava, cuidadoso mas firme:
“O que exatamente aconteceu? E que fantasma é esse?”
Nesse instante, um frio intenso, impossível para uma noite de verão, atingiu-lhes as costas.
“O fantasma sou eu.”
Uma voz rouca, quase metálica, ecoou na floresta.
Com um riso estranho e cruel, Huimyeong parou imediatamente.
Assim que seus pés tocaram o chão, Yurim ergueu a espada em guarda.
Logo atrás, Seol Yeong chegou, e os três guerreiros formaram um círculo em torno de Chang’a, que tremia, e Yeoil, que segurava sua mão.
“Caçar é sempre melhor quando se encurrala a presa.”
Um riso carregado pelo peso dos anos ecoou por todos os lados.
“Com um pouco de esforço, vejam só… capturei algo útil.”
Então, atrás de uma árvore, surgiu um velho de cabelos brancos trançados até a cintura. Media pouco mais de 1,80, mas os olhos avermelhados e penetrantes o faziam parecer ainda maior.
E o mais notável: a aura que emanava.
Assassina.
“Esse velho louco é o fantasma de que falava?”
Huimyeong perguntou, irritado. Yurim assentiu com um suspiro:
“O fantasma da espada sangrenta.”
Bastou o nome para que o rosto de Huimyeong endurecesse.
“Fantasma da espada sangranta… Não me diga que é um dos Oito Demônios?”
O velho sorriu e respondeu antes dela:
“Isso mesmo. Sou eu, o fantasma da espada sangrenta, um dos Oito Demônios.”
Um apelido tão feroz que parecia exalar cheiro de sangue só de ouvir. Yeoil clicou a língua internamente.
Ainda restava um dos Oito Demônios vivo, afinal.
Conhecidos como parte do Caminho Sombrio, os Oito Demônios eram guerreiros lendários pela crueldade e pelo prazer em matar, apesar de não serem fantasmas de verdade.
Em outras palavras, para Seol Yeong, Huimyeong e Yurim, o nível de diferença era simplesmente grande demais para lidar.