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Tradutor: Fleur Revisor: Fleur
Montanhas próximas à província de Hubei.
“Huff, huff…”
Após a respiração ofegante, a silhueta de um guerreiro saltou entre as árvores. Seu uso de leveza corporal, surgindo de dentro dos arbustos, era rápido como o vento.
“Droga! Já me alcançaram até aqui!”
Bastou um momento de redução de velocidade para que a distância entre ele e o “fantasma” que o perseguia fosse encurtada em um piscar de olhos. Do jeito que estava, seria questão de pouco tempo até ser capturado.
Talvez por ter se lembrado da fama assustadora do oponente, passou-lhe pela mente que seria melhor entregar o artefato que ele cobiçava e implorar pela vida.
“…Não, não posso.”
Sacudindo a cabeça, o guerreiro apertou com força o peito onde o artefato estava escondido e firmou sua determinação.
“Pelos irmãos sêniores que se foram tão em vão… não posso entregar este objeto de jeito nenhum!”
De alguma forma, precisava sobreviver para entregar à Seita da Montanha Hua a notícia:
Que uma sombra desconhecida estava mirando neles.
_
A carruagem passou por um mercado movimentado e parou em frente a uma estalagem de tamanho razoável.
Assim que Yeoil entrou, amparada por Chang’a, o barulho dentro do lugar cessou como se água fria tivesse sido jogada sobre ele.
“Vamos pegar uma mesa no canto mais afastado.”
“Certo.”
Logo que Seol Yeong, que estava observando o local, se sentou num ponto mais tranquilo, um jovem garçom se aproximou com olhos curiosos, olhando Yeoil de relance antes de perguntar com cuidado:
“Vão apenas comer?”
“Sim. Vejamos… quatro porções de macarrão fino, frango gong bao¹ e porco dongpo². Uma das porções de macarrão, faça menor, e traga primeiro o frango e o porco.”
“Entendido. Não vão querer bebida alcoólica, certo?”
“Não.”
O garçom se afastou e, pouco depois, dois homens se aproximaram da mesa.
“Hum. Aqui, acho que a senhorita deixou cair algo.”
Um deles estendeu um lenço, falando besteiras descaradas. Como não era a primeira vez que passava por algo assim, Seol Yeong afastou a mão com expressão entediada.
“Não é da senhorita. Podem ir.”
“Hmm? Tenho certeza de que estava falando com esta moça, mas um homem veio responder?”
Ignorando as palavras de Seol Yeong, os dois homens se sentaram casualmente e se inclinaram para Yeoil.
“Não me lembro de ver vocês por aqui… são da província de Hubei? Ou Henan? Talvez Anhui?”
Chang’a franziu o cenho e segurou firme o braço de Yeoil, encarando-os, mas os intrusos não se moveram.
“Olha só esse amigo… Eu conheço Hubei como a palma da minha mão há anos. Deve ser de Henan ou Anhui.”
As risadas espalharam-se pela estalagem silenciosa.
“Deixe-me contar algo: o macarrão e o prato de porco desta estalagem não valem a pena. Por que não enchem apenas o estômago e depois vão até a maior Estalagem Fenghua? Lá o prato de porco é uma delícia. Nós pagamos…”
Foi então que—
Thud!
Uma bainha longa cravou-se verticalmente no centro da mesa, com um som pesado.
No silêncio surpreso, acima do lenço amassado, caiu uma voz fria e arrogante:
“O que vocês querem com minha irmãzinha, seus vermes?”
O ar dentro da estalagem, já frio, congelou de vez.
“Se têm algo a dizer, digam para mim. O que foi mesmo? Que queriam perder a língua? Ou era que não se importavam com a própria vida?”
Ao mostrar levemente a lâmina com o polegar, os dois homens, antes ousados, empalideceram e se levantaram.
“Peço desculpas pela grosseria.”
“Pois… aproveitem a refeição.”
Depois que os dois se foram, quem ocupou o lugar foi o dono da espada Namgung Huimyeong, o terceiro filho da Casa Namgung, com quem haviam combinado de se encontrar nas proximidades.
“Tsc. Esses idiotas não conseguem se controlar diante de uma mulher.”
Já sabia que ele tinha um temperamento audacioso, mas não imaginava que fosse igual mesmo fora de casa.
Yeoil sorriu discretamente e, em voz baixa, expressou preocupação:
“Por causa de mim, o jovem mestre agiu assim… tem certeza de que está tudo bem?”
“Hmph! Que importa? Eles nem sabem quem eu sou.”
E de fato, Huimyeong não vestia as roupas refinadas de jovem mestre, mas um traje simples e leve. Sua expressão rude e fala grosseira combinavam tão bem que, apesar da aparência jovem, parecia um arruaceiro experiente.
Ainda assim, não conseguia esconder a elegância de alguém criado em berço de ouro.
“Lorde Huimyeong.”
“O que foi?”
“Teve algum problema nos últimos dias? Sua voz não está boa.”
“…Você é mesmo afiado para essas coisas.”
Nesse momento, a comida chegou.
Huimyeong empurrou um prato para Yeoil e continuou num tom irritado:
“Não tive um dia de descanso desde que saí. Não sei de onde pode surgir algum desgraçado para atacar, então tive que ficar alerta.”
“Aconteceu algo?”
“No primeiro dia, um dos servos se disfarçou como você para sairmos de Anhui juntos. Foi um plano do irmão mais velho, preocupado com sua segurança.”
Ele suspirou e arregalou os olhos:
“E adivinha? Desde a primeira noite, assassinos apareceram como se estivessem esperando. Maldição! Como você sobreviveu e voltou para Anhui?”
Namgung Jeokmyeong preocupado com ela?
Seol Yeong deu uma risada sarcástica enquanto comia carne, como quem ouvia bobagem.
Mas Yeoil pensava diferente.
“Aquele homem pode até fingir preocupação para usar um disfarce… mas não teria motivo para colocar a vida do terceiro irmão em risco.”
Jeokmyeong parecia prezar muito Huimyeong. Então por que enviar assassinos logo no primeiro dia?
“Tive sorte. Se não fosse pela ajuda de um herói errante, eu também não estaria aqui.”
“Pare de falar besteira.”
Apesar da resposta rude, Yeoil não deixou de agradecer:
“Obrigada por me contar, Lorde Huimyeong.”
“Se é gratidão, para com esse ‘Lorde’.”
“Falo sério. Normalmente, tentam esconder esse tipo de coisa de mim. Talvez porque eu seja fraca e cega.”
“Pode ser. Mas eu odeio isso.”
“…?”
“Não gosto quando escondem as coisas porque alguém é o caçula ou parece frágil. Um membro da Casa Namgung tem que crescer forte.”
Talvez Huimyeong também tivesse sido superprotegido. Para Yeoil, aquela filosofia soava apenas conveniente.
“Curioso… eu também sofri uma tentativa de assassinato no caminho para cá.”
Huimyeong fechou a expressão, bateu na mesa e se levantou.
Bang!
“Quer dizer que… também mandaram assassinos atrás de você?”
Ele olhou em volta rapidamente, tomou metade de uma tigela de macarrão num gole e fez um gesto em direção à porta.
“Vamos falar lá fora.”
Pagou a conta e saiu apressado. Depois, como se percebesse algo, virou-se:
“Ah, a refeição.”
Yeoil sorriu.
“Obrigada pela preocupação. Comi o suficiente.”
Huimyeong balançou a cabeça, insatisfeito:
“Comendo assim, é claro que vai continuar fraca.”
Seol Yeong, ao lado de Yeoil, murmurou baixinho:
“Que mala sem alça.”
Eles passaram pela carruagem e seguiram para outro veículo.
“A ausência só é conhecida por mim, pelos dois irmãos e pelo tio. Para todos os outros, você está doente e de cama. Ou seja… quem mandou assassinos foi alguém da família.”
Yeoil não conseguiu esconder a surpresa.
“Ele sabe disso?”
Não esperava que Huimyeong, que parecia alheio à política familiar, enxergasse tão claramente a situação.
“Você pode não querer acreditar. Mas a realidade é sempre fria. Lembre-se disso.”
“…Não imaginei que Lorde Huimyeong faria um julgamento tão frio.”
“Ei, por que se surpreende com isso e não com o fato de um parente mandar te matar? Sei que alguns me veem como um espadachim ignorante, mas…”
“Mas é família.”
“Família, e daí?”
“…Normalmente, não se imagina que alguém faria algo tão horrível contra um parente.”
A resposta veio depois de um longo silêncio:
“Você só fala isso porque não sabe como nossa casa tem sido nos últimos anos.”
Mas não houve tempo para perguntar “como”.
Havia passos suspeitos se aproximando por trás.