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Tradutor: Fleur Revisor: Fleur
As portas da sala se abriram bruscamente. Dentro do quarto, por um instante, reinou um pesado silêncio.
Sentindo o olhar persistente do visitante, o sorriso antes indistinto de Yeoil, na penumbra, começou lentamente a se definir.
“Veio?”
O outro não respondeu.
“Parece que houve alguma confusão lá fora. O que aconteceu? Esta pequena aqui estava assustada e não conseguia dormir.”
Digno de quem era chamado de “o golpe final do Dragão Assassino da Lança Verde”, o fôlego que havia se descompassado por um momento logo voltou ao ritmo normal.
“Será que não foi nada demais? Namgung Jeokmyeong.”
Era o visitante, ali para confirmar o alvo morto.
Quem vinha enviando assassinos contra Yeoil nos últimos dias era ninguém menos que Namgung Jeokmyeong.
“Mesmo sem eu dizer uma palavra, você conseguiu saber quem sou.”
A voz gelada não tinha comparação com a que ele usara no Giyeonru.
“Eu não esqueço a respiração de alguém depois de ouvir uma vez. Mesmo que eu não tenha olhos…”
“…”
“Eu sei exatamente quem está fazendo o quê.”
A respiração dele continuava calma, mas, no ar carregado, Yeoil pôde sentir as emoções de Namgung Jeokmyeong intricadas e turbulentas.
O clima, em que nada seria estranho de acontecer, se quebrou quando um terceiro entrou.
“Jeokmyeong hyungnim? Quando chegou?”
Namgung Huimyeong, com uma espada na mão, veio correndo e parou à porta.
A voz de Namgung Jeokmyeong soou mais suave.
“Acabei de vir preocupado com o caçula. Huimyeong, você também veio por preocupação com Soyo?”
“Bom, não é exatamente preocupação…”
Huimyeong pigarreou, um tanto sem jeito.
“Khmm. Não foi o irmão mais velho que disse que um guerreiro deve proteger os mais fracos? Só estava tentando cumprir essa palavra.”
O silêncio voltou a cair.
Que expressão Namgung Jeokmyeong estaria fazendo? A resposta veio logo, com uma voz leve e afetuosa para encorajar Huimyeong.
“Estou orgulhoso de você, Huimyeong.”
Abrindo levemente os olhos, Yeoil viu a grande mão bagunçando o cabelo do terceiro irmão.
Os três irmãos da Família Namgung eram conhecidos por sua união. Aquela cena ajudava a entender por que.
“Soyo.”
Yeoil fechou os olhos de novo.
“Pode falar.”
“Ouvi dizer que passou o dia todo doente depois de receber uma mensagem. Fiquei preocupado. Já está melhor?”
“Estou, não precisa se preocupar… cof, cof, cof!”
Com um último acesso de tosse, Yeoil caiu sobre a mesa, estremecendo os ombros.
“Q-Que é isso? Está bem?”
Huimyeong, assustado, se aproximou, mas logo recuou com um sobressalto.
“Ei! Traga um chá de jinyinhua¹!”
Quando ele saiu para chamar Chang’a, ficaram novamente só os dois. Namgung Jeokmyeong sorriu baixo e falou, num tom arrastado.
“Se você quer tanto, não há escolha… Está bem, Namgung Soyo. Vou mandar você para Hubei.”
Erguendo-se e cobrindo a boca, Yeoil perguntou com incredulidade:
“Está falando sério?”
“Mas…”
“…”
“Vai ter que me prometer uma coisa.”
“Uma promessa…?”
“Hm. Eu digo amanhã o que é. A casa está muito agitada, não dá mais para fingir que não sei.”
Com isso, Namgung Jeokmyeong desapareceu silenciosamente.
‘Promessa…’
O que ele estaria tramando?
Cerca de uma hora depois, Seol Yeong voltou ao quarto.
“O assassino foi levado por Namgung Chumyeong, e logo vão formar uma equipe de investigação. Pode estar ligado aos que atacaram a senhorita, então disseram que vão reforçar a vigilância por aqui.”
Yeoil contou também o que acontecera com Namgung Jeokmyeong.
Seol Yeong foi ficando com o rosto cada vez mais sério até suspirar fundo.
“Não tem problema se levantar tanta suspeita assim?”
“A suspeita já foi levantada há muito tempo. Mais exatamente desde que Namgung Jeokmyeong matou a verdadeira Namgung Soyo no Monte Cheonju.”
“Bom, também é, mas… Eu só fico preocupado. Essa casa é um verdadeiro esgoto, nunca dá para prever o que pode acontecer.”
Yeoil apenas sorriu.
Não estava errado.
A filha ilegítima da Família Namgung, Namgung Soyo, estava prestes a partir para Hubei em busca de pistas sobre a mãe.
Ao saber disso, Chang’a ficou tão animada que, desde cedo, pulava e ria.
“C-Céus… Que maravilha, senhorita! Valeu a pena chorar até ficar rouca ontem!”
“Fale mais baixo. Eu disse para poupar a voz para se recuperar logo.”
“Ah. Sim!”
Chang’a tapou a boca, sorridente.
Yeoil, com seu corpo muito mais resistente que o de uma pessoa comum, não teria problemas por chorar algumas horas, mas Chang’a era uma jovem comum e precisava cuidar para não se prejudicar.
“É bom sair deste lugar sufocante… mas vamos precisar reforçar a segurança. Ainda não sabe qual é a promessa que Namgung Jeokmyeong pediu?”
“Não. Talvez ele só diga pouco antes de eu partir amanhã.”
“Esse homem é uma cobra.”
Resmungou Seol Yeong.
Ainda assim, poder se mover fora da casa era uma vantagem enorme para Yeoil.
Especialmente porque, no caminho de Anhui até Hubei, havia um meio secreto de obter informações rapidamente.
“Ei, Soyo. Você vai para Hubei, não é?”
Mas, como sempre, planos encontram obstáculos.
“Sim, Lorde Huimyeong, Já ficou sabendo?”
“Claro, sua boba. Quem você acha que eu sou? Não vou deixar alguém frágil como você ir sozinha, então decidi ir junto. Seja grata.”
Logo cedo, Namgung Huimyeong apareceu e declarou que iria acompanhá-la.
Atrás de Yeoil, Seol Yeong murmurou baixo, só para ela ouvir: “Que droga…”.
Mas o rosto de Huimyeong estava tão cheio de confiança e expectativa que Yeoil apenas sorriu e fez uma reverência.
“Obrigada, Lorde Huimyeong. Assim posso ir tranquila para Hubei. Como vou retribuir essa bondade?”
“Retribuir nada. Só me chame de irmão mais velho. Já falei isso quantas vezes?”
Seol Yeong, atrás dela, sussurrou: “Acho que ele não percebe que já é um favor eu não chamá-lo de pirralho”.
Huimyeong olhou para Yeoil como se quisesse dizer algo, mas logo saiu.
“Até o terceiro irmão grudado… Isso vai ficar duas, não, três vezes mais irritante.”
Yeoil apenas concordou.
Na manhã da partida para Hubei.
Por algum motivo, Chang’a estava sumida e só apareceu correndo na hora de sair.
Trazia um pequeno papel na mão.
“Senhorita Soyo, a senhora conhece alguém chamado Ak?”
Ak.
Poderia ser um nome ou apelido.
Sem responder, Yeoil a olhou em silêncio. Então Chang’a tirou o papel do peito e entregou.
“Houve uma pequena confusão na frente da casa, e fui ver. Um escolta dizia que tinha algo para entregar à senhorita e gritava para chamarem Namgung Soyo. Perguntei o que era e ele me deu isso.”
O papel estava enrolado como um pergaminho e amarrado com um cordão simples.
“Disse que era uma carta de alguém chamado Ak, mas pensei que não tinha nada a ver com a senhorita… Não! Quer dizer… Pensei que tinha, então trouxe!”
Ao desatar o cordão, apareceu um grande caractere “岳” (Ak/yue).
Ao abrir o papel, havia uma caligrafia breve:
“Monte Cheonju, vá.”
“É mesmo para a senhorita?”
Yeoil confirmou.
“…Sim. Significa que meu guarda-costas chegou por aqui.”
Chang’a, confusa, inclinou a cabeça.
“Guarda-costas?”
Notas de tradução:
1: O chá de jinyinhua é uma infusão feita das flores secas da madressilva japonesa, chamada jinyinhua em chinês, que significa “flor de ouro e prata” por causa das pétalas que mudam de branco para amarelo. Bom para a garganta, tosse e previne inflamações.