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Tradutor: Fleur Revisor: Fleur
Será que, com aquelas palavras, ela se lembrou do semblante imperturbável de Namgung Chumyeong?
SeolYeong cobriu a boca com o punho e rapidamente virou de costas. Logo, ouviu-se o som dele engolindo o refluxo de um enjoo.
“Peço desculpas, irmã. Meu estômago só… por um instante…”
“Inocente mesmo.”
“Não sou inocente…”
“Para alguém que vê pela primeira vez, é natural se assustar bastante. Não há motivo para sentir vergonha.”
De fato, até Yeoil se surpreendeu bastante. Fazia muito tempo desde a última vez que vira uma máscara de pele humana.
As pessoas capazes de fabricar máscaras assim eram extremamente raras. Eram tão poucas, e seu paradeiro tão incerto, que até mesmo seitas especializadas em assassinatos sob contrato tinham dificuldade em obtê-las.
O que significava apenas uma coisa.
“Uma força nada comum se infiltrou na família Namgung.”
Quem era a pessoa que usava a máscara de Namgung Chumyeong? A que facção pertencia? E com que objetivo tinha se infiltrado aqui?
Diante das circunstâncias, Yeoil não pôde deixar de suspeitar do Salmak.
“Mas eles não tinham desaparecido sem deixar rastros?”
Nos últimos seis meses, enquanto viajava pelo mundo marcial, Yeoil verificara com seus próprios olhos.
De fato, o Salmak havia sumido.
Por precaução, ela reuniu todos os tipos de boatos sobre eles, mas não obteve resultados. Eram todos rumores absurdamente exagerados.
Por isso, ela não achava que o falso Namgung Chumyeong fosse do Salmak. Acima de tudo, uma infiltração tão ousada, a ponto de provocar um clique na língua, não combinava com o estilo deles.
Nesse caso… será que Namgung Jeokmyeong sabia que o atual Namgung Chumyeong era falso?
“As coisas ficaram mais complicadas do que pensei.”
Ainda era cedo para ter certeza de qualquer lado.
Mas havia um fato inegável.
Dentro da família Namgung, soprava silenciosamente uma tempestade colossal.
Dias depois, Namgung Jeokmyeong enviou alguém a Yeoil.
“Após buscar informações, descobrimos parentes de sua mãe em uma aldeia próxima à província de Hubei. O jovem mestre disse que enviará alguém em breve, então pediu que a senhorita aguarde mais um pouco.”
Não bastasse ter conseguido resultados tão rapidamente, ainda veio informá-la de imediato. Um comportamento inesperado.
“Eu achei que ele fosse enrolar para ganhar tempo.”
Era, na verdade, uma boa notícia para Yeoil.
“Transmita ao Lord Jeokmyeong que eu também irei.”
O criado de Namgung Jeokmyeong, surpreso, repetiu:
“A senhorita pretende ir pessoalmente?”
“Sim. Tenho um desejo ardente de confirmar com meus próprios olhos os parentes de minha mãe.”
“Entendido.”
Ele se curvou respeitosamente e saiu. Mas voltou antes que uma hora tivesse passado.
“O jovem mestre disse que entende seus sentimentos, mas que, com sua saúde frágil, não pode viajar por mais de quatro dias. Ele pede que permaneça no clã.”
Ao ouvir isso, lágrimas escorreram pelo canto dos olhos de Yeoil.
O criado, assustado, abaixou a cabeça rapidamente. Após chorar em silêncio por um longo tempo, Yeoil começou a respirar com dificuldade, tossir… e por fim caiu desmaiada.
“Ah! Senhorita Soyo!”
Chang’a, que correu apressada, ajudou Yeoil a se sentar. Com a ajuda do criado, colocaram-na na cama. Com os olhos marejados, Chang’a começou a abaná-la com um leque.
“Ah, minha senhorita… e agora? Ela é tão sensível que, quando começa a sofrer por dentro, fica doente por uma estação inteira…”
Secando as lágrimas, Chang’a pediu com voz suplicante ao criado:
“Por favor… não poderia transmitir a mensagem de forma diferente? Ela foi expulsa do clã ainda jovem e teve que viver longe. Desde que voltou a Anhui, espera todos os dias por notícias da mãe. Ela não pede mais nada, só isso!”
“…”
“Agora que finalmente encontramos uma pista… e se ela piorar de saúde? O que faremos?”
“… Haa. Está bem. Direi ao jovem mestre que a senhorita desmaiou.”
Naquela noite, Yeoil chorou até depois do pôr do sol.
“Snif… sniff…”
Metade daquele choro, é claro, não era dela, mas sim de Chang’a.
Enquanto observava os desenhos nos livros e comia os petiscos que Yeoil lhe dera, Chang’a continuou soluçando até o final da hora Hae (21h–23h), quando finalmente pôde dormir.
Será que o boato de que Namgung Soyo havia desmaiado se espalhou?
Naquela mesma noite, um assassino tentou entrar pela quarta vez em três dias.
“Se entregar o pescoço voluntariamente, poderá morrer sem dor…”
Mas, como sempre, foi facilmente neutralizado por Yeoil. E, como sempre, ela pretendia perguntar “Quem o enviou?”.
Foi então que percebeu algo estranho no olhar do assassino que a encarava.
Ele parecia surpreso, mas ao mesmo tempo calmo. Não havia em sua expressão ou comportamento o desespero típico de quem luta para sobreviver.
Era como se tivesse certeza de que ela não o mataria.
Num instante, o olhar de Yeoil ficou gélido.
“Quem é você?”
“…”
“Quem lhe disse que eu o deixaria viver?”
Os olhos do assassino se arregalaram, e Yeoil o nocauteou com um toque preciso em seus pontos de acupuntura.
Seol Yeong, que se aproximou preguiçosamente pela escuridão, fez uma careta ao ver o assassino caído.
“O que faremos? Jogo ele no jardim como das outras vezes?”
Yeoil balançou a cabeça lentamente.
“Não. Estou pensando.”
“Haa… esses caras são persistentes mesmo. Já é a quarta vez hoje. Depois de tantas falhas, ainda continuam mandando assassinos… Será que querem mesmo matá-la?”
“A resposta só pode ser uma: ou todos os assassinos foram eliminados antes de reportar o fracasso, ou, como você disse, nunca tiveram intenção de me matar.”
Diante dessa resposta inesperada, os olhos sonolentos de Seol Yeong se tornaram tão claros quanto o dia.
“Acho que é a segunda opção. Este aqui sabia que eu o deixaria viver.”
“Isso significa que… alguém está enviando assassinos dia e noite sem querer matá-la? E esse alguém é o jovem mestre Namgung Jeokmyeong!”
“Talvez.”
Após pensar um pouco, Yeoil pegou papel e pincel e começou a escrever algo.
“Prenda isto no peito do assassino e jogue-o no jardim como antes. Mas observe se alguém se aproxima para pegá-lo.”
“E se aparecer alguém? Quer que eu agarre pelo pescoço e traga aqui?”
Com um leve aceno de cabeça, ela explicou o plano seguinte.
Quase na hora Chuk (1h–3h), sob um céu onde a lua cheia estava coberta por nuvens, o silêncio foi rompido por um grito estrondoso.
“Intruso! Temos um intruso! Um intruso muito suspeito matou alguém e fugiu!”
A voz alta, suficiente para acordar todos, fez o canto dos lábios de Yeoil se curvar levemente enquanto ela permanecia deitada na cama.
De fato, ninguém atraía atenção tão bem quanto Seol Yeong.
“Então é verdade… os assassinos que eu deixei viver estavam sendo retirados secretamente por alguém.”
Mas, dessa vez, a coleta falhou. O inimigo certamente estava abalado.
Logo, as luzes começaram a acender por todo o clã e passos apressados ecoaram pelos corredores.
Em vez de sair às pressas como os outros, Yeoil sentou-se calmamente e esperou.
Quanto tempo se passou?
O som de passos rápidos vindo do fim do corredor foi se aproximando, suave como o vento. Ouvindo aquele ritmo como se fosse a melodia de um pipa, Yeoil se lembrou do bilhete que havia colocado no peito do assassino.
“O seu alvo foi morto por mim.”
Sem dúvida, ninguém entenderia essa frase.
Exceto uma única pessoa.
Aquele que havia enviado o assassino.