Capítulo 15
✦♰✦ E Se o Papa Canalha se Tornar Competente ✦♰✦
tradução: manteiga • revisão: Dani
◈15. A Verdadeira Identidade dos Videntes Mais Antigos
eu não estava enganado, afinal de contas.
o conteúdo do sexto oráculo era exatamente como eu tinha confirmado antes.
“‘capturar’ significa que eu tenho que lutar e agarrá-los? se vão me dar uma missão, pelo menos escrevam de forma clara…”
por exemplo, se o oráculo tivesse dito algo como:
“os videntes armaram uma armadilha e estão te esperando, vá pegá-los!”
…eu teria entendido a situação muito mais rápido.
se também tivessem me dado um mapa marcando a localização dos videntes, eu não teria perdido tempo interrogando o conde.
embora, claro, mesmo que eu não precisasse interrogá-lo, ele teria sido punido por seus crimes de qualquer jeito.
enfim, a janela do oráculo era incrivelmente inútil.
o erro de digitação em ‘videntes’ também me incomodava.
espera, será que aquilo foi mesmo um erro…?
encarei as palavras na janela do oráculo antes de abrir meu inventário e tirar o ‘vale da loja lua branca’.
foi uma recompensa que recebi por completar o quinto oráculo principal.
o vale seria consumido assim que eu fizesse uma compra, então ainda não o tinha usado, embora tivesse aberto rapidamente no caminho até aqui só para dar uma olhada.
estavam vendendo muitos itens interessantes, embora eu não soubesse o que a maioria deles fazia.
‘abrir loja lua branca.’
enquanto dizia o comando em voz baixa, segurando o vale, uma janela translúcida da loja apareceu diante de mim.
[loja lua branca]
-「corda do infinito (a)」
-「erva venenosa vingativa (a)」
-「armadilha para visitantes noturnos (a)」
-「selo entalhado de uma árvore de 10.000 anos (l)」
-「feixe de 1.000 besouros sugadores de sangue (l)」
… [ver mais]
quando cliquei no botão “Ver mais”, a lista de itens ocultos começou a aparecer.
eram itens bizarros que eu nunca tinha visto enquanto jogava <crw> 1.
e mais: a maioria deles era de grau A ou superior, e alguns eram tão raros que nem podiam ser comprados com dinheiro.
‘vamos ver… primeiro, acho melhor comprar isto, a “armadilha para visitantes noturnos”. e acho que também preciso de pelo menos um item de defesa mental…’
apliquei minha abordagem meticulosa de sempre, mesmo para comprar algo tão simples quanto uma camiseta, para escolher os itens que eu precisava.
felizmente, o desempenho dos itens estava claramente explicado ao lado das imagens, então não havia risco de eu comprar algo estranho por engano.
[você usou o “vale da loja lua branca” 1 vez!]
-contagem de usos restante (2/3)
assim que a compra foi concluída, a janela da loja se fechou, e o número de vales usados foi reduzido em um.
os itens que comprei incluíam um item de defesa mental de grau S para contrariar a habilidade de charme, armadilhas e poções.
depois de guardar cuidadosamente os itens, me virei para rubin e falei:
“vou voltar logo. se um estranho te oferecer doces, não vá com ele.”
“…se você demorar demais, eu vou com qualquer um.”
“em 30 minutos eu tô de volta.”
as orelhas caídas de rubin se levantaram de novo quando ele ouviu isso.
o deixei para trás, me forçando a seguir em direção à vila, onde eu já sabia que haveria armadilhas me esperando.
como esperado, ninguém tentou me impedir enquanto eu me aproximava da vila.
havia alguns guardas, mas eles estavam parados, encarando o nada, como se estivessem hipnotizados por alguma coisa.
passei por eles e entrei no prédio.
“ן”
o ar lá dentro se alterou de um jeito estranho e desconfortável.
foi como se eu tivesse entrado na camuflagem de uma criatura enorme e invisível.
era uma sensação que eu já tinha experimentado várias vezes jogando, então reconheci imediatamente o que estava acontecendo.
e, como previsto—
[você entrou na masmorra oculta de classificação ??, ‘pesadelos criados pelos videntes.’]
parecia que o prédio inteiro havia sido transformado em uma masmorra.
o interior da masmorra estava cheio de uma energia mágica pesada, e assim que entrei, senti o ar ondular daquele jeito familiar.
‘mas a transformação em masmorra 2 não era algo que só monstros com grande poder mágico conseguiam fazer? como que um mero descendente da raça demônio dos sonhos, os videntes, conseguiria algo assim… e que masmorra é essa de ‘pesadelos’?’
nunca tinha ouvido falar de uma masmorra chamada ‘pesadelo’ antes.
a dificuldade era incerta, e como eu não fazia ideia do que podia aparecer, avancei com cuidado pelo salão do primeiro andar da vila.
foi então que ouvi.
–”é por sua culpa.”
a voz sussurrada rastejou até o meu ouvido, me fazendo parar no meio do passo.
claramente não havia ninguém por perto, mas os sussurros…
“quem tá aí?”
apertei o cabo da minha maça com força enquanto falava.
então, infundi a maça com energia divina.
–”se não fosse por você, isso não teria acontecido…”
–”ainda dá tempo, por favor, morra por conta própria.”
–”morra! morra! morra!”
os sussurros incessantes de uma maldição horrível exigindo minha morte.
para alguém mentalmente frágil, isso provavelmente seria um ataque bem eficaz.
mas…
“tentem ser mais criativos com as palavras. já ouvi esse ‘vai morrer’ tantas vezes que ficou entediante.”
sim, era literalmente entediante.
me formei só pra abraçar uma pilha de dívidas em vez de um buquê de formatura.
briguei com um idiota sem graça no trabalho –
quase me passaram a perna no pagamento do bico –
até briga com cliente bêbado eu arrumei enquanto trocava a grelha numa churrascaria.
e mesmo assim, eu tô aqui.
não importava quantas pessoas me amaldiçoassem pra morrer, eu continuava vivo, porque não tinha nada do que me envergonhar.
se eu fosse morrer só de ouvir essas palavras, já estaria enterrado há muito tempo.
–”…”
eventualmente, os sussurros cessaram.
aproveitando o silêncio, balancei minha maça com toda a força, agora imbuída com energia divina.
crash!!
a estátua no centro do salão se despedaçou com o impacto da minha maça.
com um estrondo ensurdecedor, fragmentos de mármore voaram pra todos os lados.
terminei cravando a maça no chão com um estalo alto, e então chamei quem quer que estivesse assistindo das sombras.
“se tem algo pra dizer, apareça e diga. pare de se esconder atrás de mim feito um covarde.”
parecia que minhas palavras afiadas tinham surtido efeito, pois a voz suspeita parou de vez.
em seu lugar, um silêncio sombrio tomou conta, seguido do som lento e ritmado de passos ecoando.
levantei os olhos em direção ao segundo andar, de onde vinha o som.
vindo do corredor no andar de cima, quem havia criado essa masmorra – o chefe final – começou a aparecer.
quando se revelou, perguntei sem rodeios:
“você… é o vidente?”
“sim, sou o vidente mais velho. aliás, por que demorou tanto? quanto tempo faz desde que te visitei em um sonho pedindo que viesse me salvar?”
o vidente me repreendeu.
eu tinha sido possuído de repente, e tinha esquecido completamente do vidente.
mesmo se eu tentasse explicar, provavelmente ele não entenderia.
e, sinceramente, nem tava com vontade de explicar.
então, em vez de responder, apenas o observei em silêncio.
com cabelos cor-de-rosa e olhos lilás, ele era inegavelmente belo… e com certeza parecia o vidente mais velho do sonho de nikellus.
ele tinha asas de morcego presas à cintura; diferente de qualquer coisa que eu tivesse visto no sonho.
o vidente bateu as asas de forma brincalhona e sorriu.
“eu tinha planejado invocar alguns monstros e soltar por aqui depois de criar essa masmorra. ataques mentais como aquele com alucinação auditiva são meio chatos… mas já que parece que queria falar comigo diretamente, resolvi fazer uma aparição especial. sabe, não são muitos que viram meu rosto pessoalmente, né?”
ele deu de ombros, como se tivesse me concedido um grande favor.
quando não respondi, o sorriso dele só ficou ainda mais largo.
“você parece surpreso. não disse nada ainda. é por causa das minhas asas? achou que eu era humano, né?”
“…suspeitei que você não fosse humano assim que entrei aqui.”
só monstros demoníacos poderosos conseguem alterar o espaço dessa forma, e o vidente tinha transformado esse lugar numa masmorra.
e ao pensar no fato de que ele era chamado de ‘o mais velho’ dos videntes, a resposta ficou clara.
ele não era um descendente de demônios dos sonhos.
ele era o próprio demônio dos sonhos, aquele que transmitiu as habilidades oraculares para seus descendentes.
demônios têm expectativas de vida muito diferentes das dos humanos, então fazia sentido ele ainda estar vivo nessa forma jovem.
porém, havia algo que eu não tinha previsto, mesmo tendo deduzido tudo isso.
“o que me surpreendeu não foi isso–”
“hm?”
“por que seu gênero mudou?”
o vidente que eu vi no sonho também tinha cabelo rosa e olhos lilases, e o rosto era idêntico.
mas o gênero era diferente.
“tenho quase certeza de que você era uma mulher no meu sonho…?”
murmurei, e assim que falei, alguém apareceu do canto oposto de onde o vidente estava.
“estava me procurando?”
a succubus que havia acabado de sair perguntou com uma voz clara e etérea.
no momento em que a vi, exclamei: “ah!” ao perceber.
‘certo, demônios dos sonhos sempre vêm em pares.’
esses demônios se dividem em duas categorias: a forma feminina, conhecida como succubus, e a forma masculina, conhecida como incubus.
e, de acordo com suas lendas, succubus e incubus geralmente agem em duplas, permanecendo juntos em perfeita harmonia.
‘então é por isso que o vidente foi mencionado como “videntes” no plural na janela do oráculo. o demônio dos sonhos que apareceu no sonho do nikellus era a forma feminina, então devia ser essa succubus que acabou de aparecer.’
‘e eu achando que era erro de digitação…’
refleti, e enquanto pensava, o incubus abriu um sorriso e falou:
“se surpreendeu com o gênero, né? essa é minha irmã, elodie. eu sou dionique. pensando bem, hyung deve estar mais familiarizado com a elodie. foi ela que você viu no sonho, afinal.”
“quem diabos é seu hyung? por que não me diz logo por que me atraíram até aqui e tentaram me forçar ao suicídio com alucinações auditivas?”
não tinha a menor intenção de trocar brincadeirinhas com quem tinha me trazido até aqui e ficou me mandando morrer.
diante das minhas palavras firmes, os dois monstros – ou melhor, agora que feriram humanos, será que eu deveria mesmo chamá-los de monstros? – revelaram suas intenções, um após o outro.
“porque você é perigoso demais.”
“achamos melhor te matar antes que se torne ainda mais perigoso.”
eu concordava que nikellus era um humano perigoso, mas chegar a esse ponto?
estava prestes a perguntar que tipo de absurdo era aquele, mas parei.
uma energia mágica suspeita estava irradiando deles.
‘o que é isso?’
não era só magia.
suas formas também estavam mudando gradualmente.
os contornos distintos dos dois corpos, que até então estavam bem visíveis, começaram a borrar e se fundir num só.
à medida que se fundiam, a massa conjunta cresceu até se transformar numa besta enorme, parecida com um minotauro – um touro monstruoso e gigante.
um corpo gigante completamente coberto de músculos.
garras afiadas o bastante para rasgar qualquer coisa com o menor toque.
e dois pares de asas semelhantes às de morcego brotavam das costas… era, literalmente, um monstro.
‘habilidade de transformação? será que eles se transformaram assim antes…? não, penso nisso depois.’
sem hesitar, avancei.
eles provavelmente achavam que eu não atacaria enquanto estavam se transformando, mas isso não era problema meu.
acertei o crânio do monstro, que ainda estava no processo de transformação, com minha maça carregada de energia divina.
【KRAAAAH!!】
【KRAAAAH!!】
o rugido horrível da besta, ainda no meio da transformação, se misturou aos gritos dos dois demônios.
a criatura imediatamente chicoteou o rabo grosso como um açoite, tentando me atingir e impedir que eu desferisse um segundo golpe.
ainda assim, o efeito foi suficiente.
ela parou de crescer e interrompeu a transformação naquele tamanho.
【atacando enquanto estamos desprevenidos!】
【atacando enquanto estamos desprevenidos!】
“ué, e quem mandou vocês saírem no meio da transformação? deviam ter vindo já transformados.”
respondi com desdém, e o monstro rangeu os dentes de frustração.
【covarde! se é um sacerdote, aja como tal!】
【covarde! se é um sacerdote, aja como tal!】
“exatamente! tô agindo como um sacerdote ao caçar monstros. quer mais o quê?”
foi tolice da parte deles se transformarem despreparados e ainda por cima ficarem vulneráveis no processo.
dei uma pequena lição sobre as duras realidades do mundo antes de desviar rapidamente.
o monstro avançou com tanta velocidade que parecia até teletransporte, arranhando o local onde eu tinha estado um segundo antes.
crash!
o chão de mármore se despedaçou como areia sob suas garras.
eu tinha baixado a guarda porque a voz e o jeito de falar ainda soavam como os de crianças, mas o poder destrutivo era impressionante…
‘um arranhão e eu tava morto.’
ativei ao mesmo tempo meu pacto da inviolabilidade sagrada e a habilidade de blasfêmia.
a energia divina me envolveu, e pude sentir a força percorrendo todo meu corpo.
o monstro arreganhou os dentes e sorriu diante da luz dourada que emanava de mim.
【uau, hyung, que habilidade incrível!】
【uau, oppa, que habilidade incrível!】
“querem ver algo ainda mais impressionante?”
puxei um dos itens que tinha comprado anteriormente na loja da lua branca: o ‘conjunto de 101 fragmentos de pedra mágica’.
eram apenas pedrinhas pequenas, com pouquíssima magia contida nelas.
a ruby até me perguntou por que eu comprei algo tão inútil, mas agora, esses fragmentos poderiam ser mais úteis do que qualquer outro item.
joguei os fragmentos de pedra mágica no chão sem muita cerimônia.
então, só pra dar um pouco de espetáculo pros monstros espectadores, levantei o braço lentamente—
crack!
com um golpe da maça erguida, esmaguei todos os fragmentos de uma só vez.
Continue…