Capítulo 05
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[Therese Squire]
Descrição: Princesa da Casa Squire
Idade: 21 anos
Índice de Magia: B
Inteligência: C+
Mana: A (12.034/12.034)
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— Como esperado.
Se existia uma loja, era de se esperar que houvesse uma janela de status também.
As informações da personagem Therese estavam exatamente como eu tinha deixado da última vez.
Tirando o fato de que farei 22 anos em alguns dias, esse cenário permanece o mesmo até o final.
Uma maga ignorante, com pouca inteligência, mas com poder mágico abundante o bastante para compensar suas falhas.
— É realmente o tipo de configuração de uma vilã que age de forma imprudente e cruel como se fosse rotina.
O problema é que esse tipo de personagem agora é meu ganha-pão.
[As Constelações se perguntam o que a streamer está pensando.]
— Ah, eu estava pensando na inteligência da Therese. Isso porque inteligência mágica não tem nada a ver com meu QI.
Magia funciona com “métodos”, da mesma forma que a matemática usa fórmulas para resolver problemas.
— Se você tem um alto nível de inteligência, consegue usar magias de nível avançado com técnicas complexas e difíceis.
A diferença é simples.
Therese levaria dez vezes mais tempo para matar um monstro do que um mago com inteligência nível B.
É a prova de que o corpo sofre quando a cabeça não ajuda.
— Para melhorar a inteligência, é preciso estudar livros de magia… Mas Therese odeia livros, aulas e professores.
Por isso, ela estava destinada a nunca sair do C+ na vida.
Mas, felizmente, eu gosto de ler.
Bom, me formei em engenharia, então estou acostumada com fórmulas.
— Ainda bem que eu defini a fórmula da magia como algo próximo da matemática.
Meus colegas de equipe achavam que podia ficar científico demais, mas isso acabou sendo uma bênção.
Preciso estudar livros de magia e elevar minha inteligência para o nível B.
Você precisa da “chave dimensional” para entrar no Paraíso.
Se você abre a porta de um certo lugar com essa chave, pode encontrar o Paraíso — com uma chance aleatória.
As chances são bem ruins, então preciso encontrar várias portas e tentar todas.
Mesmo se a porta não levar ao Paraíso, ainda pode aparecer algo útil, como um tesouro ou algum lugar misterioso.
— Se eu tiver dinheiro suficiente, será mais fácil conquistar minha independência.
Therese era uma princesa, mas recebia apenas mesada.
Toda a fortuna da Casa do Duque pertencia ao Raul, e ela não poderia herdar nada enquanto ele estivesse vivo.
Filhos de nobres inteligentes herdavam negócios e fazendas antecipadamente para construir riqueza. Therese, por outro lado, falhou em tudo que tentou.
Porque ela era burra e egoísta, ser bem-sucedida em negócios ia contra o próprio cenário.
— Acho que não tenho talento para negócios mesmo.
Nesse caso, encontrar um tesouro é o ideal.
A chave dimensional só pode ser adquirida participando do leilão. Ela aparece como item de leilão.
Preciso de dinheiro pra isso. O aniversário da Therese está chegando, posso pedir um presente em forma de mesada.
O aniversário da Therese é daqui a cinco dias, em 20 de fevereiro.
A Casa do Duque tem muito dinheiro. Mesmo sendo a filha problemática, não dariam algum presente?
— Agora, sobre a magia…
Mana. Magia. São palavras e conceitos familiares, mas ao mesmo tempo, tudo parece tão distante.
Ainda não parece real que eu tenha esse poder.
Concentrei-me nas novas sensações dentro de mim.
— …Hã?
Num romance de fantasia padrão, o protagonista geralmente tem dificuldade em “sentir” a magia.
Mas eu apenas quis senti-la — e instintivamente soube o que era e como usá-la.
Era tão estável e íntimo que até me senti envergonhada.
Resolvi testar.
— Chama pequena, brilhe como uma vela.
Flash!
Na palma da minha mão, uma pequena chama dançou, exatamente como eu imaginei.
— Uau!
[As Constelações sorriem calorosamente diante da reação inocente da streamer.]
[A Constelação ‘Resposta Satisfatória’ aprecia a reação previsível dos streamers vindos de um mundo sem magia.]
— Hm…
Será que me empolguei demais, parecendo uma criança?
Sem graça, apaguei rapidamente a chama da palma da mão.
Preciso mudar de assunto logo.
— Se existe uma janela de status, talvez existam outras janelas de sistema. Tipo uma configuração de transmissão…
Fazia sentido.
Vou verificar agora.
— Configurações de transmissão.
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[Configurações de Transmissão]
Nome do Canal: A Vilã Streamer
Classificação do Canal: Bronze
Ranking do Canal: Fora do Top 100
Patrocínio: 2.700 moedas
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Como eu esperava, havia sim uma configuração de transmissão.
— Quantos níveis existem para o canal?
[As Constelações dizem que só Oswald pode responder isso.]
Franzi a testa.
Por que só ele pode dizer?
Não quero trombar com aquele idiota de novo.
Era o tipo de cara que eu detestava — e com uma personalidade detestável. Mas já que era o Administrador do canal, parecia que ainda teria que lidar com ele. Argh.
Deixei Oswald de lado, já que só de pensar nele me dava dor de cabeça, e me concentrei em outra coisa.
— Isso é estranho. Como tem 2.700 moedas de patrocínio?
Achei que tinha recebido bem menos.
Ding!
[A Constelação ‘Explicador Nato’ patrocinou 100 moedas.]
[Os patrocínios começaram a chover quando você desabou diante do Raul.]
— Aha… Mas por quê?
[A Constelação caiu na gargalhada.]
Mas que… não ri, me explica!
Ding!
[A Constelação ‘Teórico da Conspiração’ patrocinou 100 moedas.]
[Você só estava caída no chão, e a situação se resolveu sozinha kkkk. Você planejou tudo, né?]
O que aconteceu ontem?
Eu só lembro de ter surtado um pouco depois de me dar conta que possuí uma personagem…
Sem saber o motivo, apenas inclinei a cabeça e desisti de tentar entender.
Nem estava tão curiosa assim.
Foi então que…
BANG!
Mesmo sendo o Duque, seria contra a etiqueta invadir o quarto da princesa desse jeito.
Então, a menos que o Duque fizesse uma burrada, ninguém ousaria entrar no quarto da Princesa Squire assim.
Curiosa, olhei para quem invadira.
Um garoto de cabelos pretos, com altura até a barriga da Therese, entrou com os olhos verde-claros cheios de vida.
— O que você está tramando?
Ele estava furioso.
Mas, em contrapartida, eu estava maravilhada.
Uau… que fofo.
Um menino bonito, com cabelo liso, pele clara e olhos grandes como os de um filhote de cachorro.
Era Giuseppe, o caçula da família.
Se crescer assim, vai ficar tão bonito quanto os quatro protagonistas.
Mas meu encantamento parou aí.
Embora… não vamos ter nenhum envolvimento.
Ou melhor, não quero me envolver com ele.
— Fala logo! O que você está tramando dessa vez?
— Será que tem algo?
Ha! Giuseppe soltou uma risada seca e me acusou friamente.
— Pense no que você fez. Você não vira uma pessoa normal só porque está fingindo bom senso, entendeu? A menos que sua alma tenha mudado.
…Uau, isso foi um pouco duro.
Não agi tão fora do normal assim… ele está exagerando, não?
— Mesmo que eu tenha um plano, me tratar como uma criminosa prestes a cometer o crime perfeito por reencontrar a família perdida parece demais, não?
Giuseppe entortou os lábios ao ouvir minha resposta.
— Isso depende da pessoa. Ninguém cai nesses seus truques, sua idiota.
Therese e Giuseppe tinham uma relação péssima — eles se ignoravam ao ponto de fingirem que o outro nem existia.
Além disso, Giuseppe tinha apenas 13 anos, mas já era um gênio reconhecido pela Associação dos Magos.
E era um siscon.
Do ponto de vista da Libby, ele era fofo.
Ugh. Mas agora, parece só arrogante e malcriado.
— Você realmente é irmão da Therese.
— Q-quê?!
— Ah, quis dizer que você realmente é meu irmão.
O rosto do Giuseppe ficou completamente vermelho.
— Fala algo que faça sentido!
Mas por que não faria?
— Não é como se você fosse meu filho biológico…
Ding!
[A Constelação ‘Resposta Satisfatória’ patrocinou com 100 moedas.]
[Kkkkk Provocar o irmãozinho desse jeito é hilário kkkkk]
Acha que fui sarcástica? Só falei a verdade.
Mas Giuseppe pareceu interpretar como a Constelação.
— Cala a boca! E-eu não consigo conversar com você!
Nem xinguei, mas ele me rejeitou como se eu tivesse cometido um crime.
Ele era fofo, mas me lembrava dos moleques insuportáveis da Terra, o que me deixava desconfortável.
Sem contar que ele nunca me chamava de irmã.
Era sempre “você”, “idiota” e afins.
Não é como se ele me odiasse de verdade…
— Você devia me chamar de irmã, Giuseppe. E não de “você”.
— Que história é essa…! Desde quando você é minha irmã?! A gente nem se parece. Nem um pouco! Nem um pouco!
E eu com isso…
Antes que a situação saísse do controle, fiz uma sugestão que ele provavelmente gostaria.
— Sua irmãzinha vai chegar logo, então por que não vai se arrumar pra recebê-la?
Giuseppe cerrou os lábios.
A expressão de raiva era tão óbvia que qualquer um perceberia.
Ficou bravo porque mencionei a Libby?
Se for isso, não tenho vontade nenhuma de continuar. Que preguiça.
O que eu preciso não é conquistar essa família, mas viver em paz até ir pro dormitório. Depois disso, não preciso lidar com eles até o fim do jogo.
Giuseppe murmurou, com a voz baixa e fervendo:
— …Você sempre foi assim.
— O quê—
BANG!
Ele saiu batendo a porta antes que eu perguntasse o que quis dizer.
Giuseppe odiava Therese, e eu só mencionei a Libby que ele tanto ama. Mas mesmo assim, fui tratada como vilã.
— Qual o problema dele?
Ding!
[A Constelação ‘Teórico da Conspiração’ patrocinou 100 moedas.]
[Não parece que ele só queria sua atenção?]