Capítulo 01
A Princesa Amada dos Piratas
Tradutora: Manteiga
Revisor: Daniel
—01—
[A data de execução do líder dos piratas caelum foi definida!]
olhei para o jornal em minhas mãos.
a execução estava marcada para três dias depois. considerando a notoriedade dos piratas caelum, foi uma decisão bastante rápida. os oficiais da marinha pareciam ansiosos para exibir sua força e eliminar os piratas o mais rápido possível.
— não é um grande dia, dr. akera?
disse o aspirante da marinha ao meu lado. e eu assenti distraidamente.
— começando com caelum, todos os piratas serão erradicados, e essa era de trevas chegará ao fim.
a ‘era de trevas’ se referia ao presente, quando os piratas estavam por toda parte. não era exagero dizer que qualquer navio encontrado no mar poderia ser um navio pirata.
— dr. akera, você está se sentindo mal?
— hm? de jeito nenhum. como eu não me sentiria bem no dia em que o ‘tirano dos mares’ foi capturado?
como eu não me sentiria bem? aquele miserável finalmente foi pego e logo encontraria seu fim. hoje era o melhor dia, exceto pelo próprio dia da execução.
— só de pensar no fim daquele detestável caelum, me sinto tão aliviado. eles eram como baratas do mar.
— bem, eu achava que eles eram os mais próximos de alcançar ‘o fim do mar’.
— está dizendo que se arrepende?
— não, claro que não! é um alívio que esse lixo não tenha chegado lá!
— …então escolha melhor suas palavras.
eu tinha certeza de que ninguém na marinha estava mais feliz com a queda dos piratas caelum do que eu. era natural.
‘bem feito.’
dentro da marinha, eu era conhecida como mare akera, filha do coronel dandel akera e médica naval com patente de oficial subalterno. mas, na realidade, eu guardava um segredo: eu já fui ‘a criança de caelum’.
para ser mais precisa, fui uma criança abandonada que, até dez anos atrás, esteve com os piratas caelum.
‘não, eu nunca fui realmente filha deles. só fui a única idiota que pensou neles como família.’
desde que tinha cerca de quatro anos, estive com os piratas caelum. eu era incompetente, mas a tripulação me aceitou, prometendo que ficaríamos sempre juntos, não importava o que acontecesse.
mas dez anos atrás, descobri que tudo era uma mentira.
eles me abandonaram em uma ilha remota assim que contraí uma doença contagiosa que assolava os continentes ocidental e oriental. considerando que não havia cura na época, de certo modo, eu entendia suas ações. teria sido melhor se tivessem me deixado na primeira vez que pedi.
— o que está dizendo! nunca te abandonaríamos!
na verdade, eu temia que realmente me abandonassem. não conseguia esquecer suas mãos ásperas, mas acolhedoras, que me confortaram tanto quanto meu medo do abandono. as feridas que deixaram foram tão profundas quanto o conforto que proporcionaram.
eles me deixaram em uma ilha desabitada, onde só restavam vestígios de vida humana, sem dizer uma única palavra.
‘e, ainda assim, aqui estou eu, viva, provando que a vida é imprevisível.’
sem ter o que fazer além de esperar a morte, tive a sorte de descobrir uma cura para a doença e fui resgatada por um navio da marinha depois de me recuperar.
o homem que comandava aquele navio era ninguém menos que dandel akera, meu pai adotivo.
ele parecia valorizar meu conhecimento sobre a cura e me adotou, dando-me o nome de mare.
depois disso, entrei na marinha sem precisar fazer exames, graças à minha descoberta da cura, e recebi treinamento médico.
‘aprendi muito aqui. antes, eu era definitivamente incompetente, e talvez seja por isso que aquelas pessoas me descartaram tão facilmente.’
ser inútil significa que não há valor em manter você por perto. eles devem ter secretamente ressentido minha incapacidade de contribuir. conforme cresci, minha presença deve ter se tornado mais irritante para eles. dez anos na marinha me fizeram perceber essa amarga verdade.
os piratas caelum, depois que eu me fui, prosperaram e se tornaram os piores piratas da época, chegando a queimar o jolly roger de dunkin knut, que era conhecido como o rei dos mares, provando o quanto eu era um fardo para eles.
‘bem, é divertido ver que aquelas pessoas, que floresceram, caíram tão rapidamente.’
um dia, os piratas caelum foram capturados e trazidos para a sede, com seu navio meio destruído e apenas o capitão sobrevivendo.
assim que dobrei o jornal e o coloquei sobre a mesa, um tenente da marinha se aproximou de mim.
— dr. akera, é uma ordem do almirante. você deve diagnosticar imediatamente a condição do capitão dos caelum, nereus caelum.
— …do almirante?
a marinha tinha muitas patentes, mas havia apenas uma pessoa em todo o continente ocidental que podia ser chamada de almirante.
a sexta família. nobres que faziam parte da história do continente ocidental desde o começo, eram chamados de reis, distintos do imperador. um membro da sexta família uma vez protegeu a terra que fazia fronteira com o mar, e dizem que essa foi a fundação da marinha imperial atual.
dizia-se que qualquer um com o sangue da sexta família herdava poderes especiais. isso era incomum, já que tais habilidades normalmente não eram hereditárias. além disso, sempre havia um vidente naquela família, alguém com o poder de controlar a água ou o mar.
‘então dizem que o almirante que capturou o capitão caelum é um desses videntes, alguém que pode comandar o mar.’
não conseguia entender por que alguém assim queria que eu diagnosticasse sua condição. embora eu fosse médica naval, não era a mais habilidosa. mesmo tendo vindo da associação médica wittar, meu posto não era particularmente alto.
‘será que alguém descobriu minha conexão passada com aquele homem?’
isso seria injusto. eu tive uma ligação com eles no passado, mas era só isso — passado. agora, eu realmente os odiava.
‘não, não tem como. ninguém percebeu nada em dez anos….’
com sentimentos mistos, aceitei a tarefa. não que eu tivesse o direito de recusar, de qualquer forma.
nereus caelum estava preso no porão da sede. pressionada pela urgência da situação, fui diretamente para a prisão subterrânea.
a alegria lá fora parecia falsa; à medida que descia, os aplausos e a atmosfera animada desapareceram, dando lugar à escuridão, umidade e um frio gelado que lembrava o inverno.
no canto mais escuro e frio, no nível mais baixo da prisão, ele estava lá. amarrado em correntes, mal respirando.
— nereus caelum.
— ……….
em minha memória de dez anos atrás, nereus era sempre um homem imponente e robusto. ele era o tipo de homem que olharia para o mundo com um sorriso descontraído, nunca se curvando ou quebrando.
‘que patético.’
mereceu. zombava dele internamente com toda a minha força. eu assistia para ver quão feliz ele ficaria depois de me abandonar, mas, no final, ele acabou assim.
não conseguia nem sequer esboçar um sorriso.
‘o que estou fazendo, para alguém que nem me reconhece.’
— …lala?
— …..…!
no entanto, uma voz traiu minha crença de que ele não me reconheceria. ‘lala’, esse era o meu antigo apelido. os piratas caelum haviam abreviado meu nome de quatro sílabas para ‘lala’, com duas.
‘mas você nunca me chamou assim. mesmo quando todo o resto o fazia, você….’
seus olhos, agora fracos, se focaram em mim.
— ah, não pode ser…
— ……….
— não é possível que nossa princesa esteja em um lugar como este….
minha boca estava seca. dei um passo para trás da porta da cela e me dirigi ao guarda.
— o estado dele está pior do que o esperado. ele talvez não chegue até a execução. você poderia buscar algum remédio no posto médico?
— o quê? mas, dr. akera, é perigoso ficar sozinha com esse lixo.
assenti em direção a nereus, que estava amarrado.
— ele está praticamente um cadáver.
convencido pelas minhas palavras, o guarda concordou em sair brevemente. uma vez sozinha no corredor, abri a porta da cela e me aproximei lentamente de nereus.
— polaris caelum.
seus olhos se arregalaram em choque ao ouvir aquele nome sair de meus lábios.
— por que? agora que você está prestes a morrer, finalmente pensa em mim?
eu sorri com todo o desprezo que podia reunir.
— sim, eu sou aquela miserável ‘lala’.
me perguntei que tipo de expressão ele faria, que tipo de emoções sentiria ao ouvir isso. será que se sentiria traído?
‘não, ele me abandonou. não se sentiria traído.’
— lala….
nereus estendeu sua mão ossuda. mas eu fiquei além do alcance dele, cautelosa quanto a um possível ataque do homem ainda preso.
— você está viva. eu sabia… eu sabia que você sobreviveria.
— …….!
no entanto, suas palavras e expressão foram tão inesperadas que me deixaram sem fôlego.
— sim, eu sabia… mesmo quando você não estava lá quando retornamos, eu acreditava que ainda estaria viva.
— o que você está dizendo?
— …ninguém… te contou nada?
— o quê? não consigo ouvir.
a voz dele estava mais fraca e ofegante. eu reconheci aquele som; era o som de alguém se aproximando da morte.
rapidamente, fechei a distância entre nós e o agarrei pelo colarinho.
— fale claramente, do que está falando?
ofegante, nereus abriu o medalhão que usava no pescoço e me entregou seu conteúdo.
— eu encontrei isso para você… mas agora não serve para nada… cura todas as doenças….
— nereus…!
ele sorriu e acariciou minha bochecha com sua mão fria e esquelética.
— pelo menos posso me gabar disso para aqueles que foram à frente….
ele não conseguiu terminar a frase e desabou. o som de sua queda foi lamentavelmente fraco, não combinando em nada com a minha memória dele.
‘então, você não me abandonou?’
mas por que isso aconteceu assim? por que vivi dez anos consumida por um ódio autodestrutivo, e você me procurou?
olhei para a ‘erva’ em minha mão e ri amargamente.
‘isso não é uma erva medicinal….’
não era uma erva, mas a planta extremamente venenosa ‘belsomnea’, que supostamente traz morte instantânea quando ingerida. era tão rara que se tornara uma lenda, existindo apenas em textos atualmente.
‘que homem tolo.’
ele provavelmente ouviu alguma história sobre isso ser um tesouro ou uma cura milagrosa e foi atrás disso sem pensar. nereus sempre avançava sem hesitar, caso a tripulação concordasse.
enquanto olhava para o que estava em minha mão, ouvi passos apressados se aproximando de longe.
— mare akera! descobriram que você foi membro dos piratas caelum! se entregue com as mãos para cima!
de alguma forma, descobriram. os oficiais da marinha, armados e ameaçadores, me confrontaram na prisão. olhei para eles em branco e depois soltei uma risada.
‘então é assim que acaba?’
parecia que o almirante suspeitava da conexão entre nereus e eu, e foi por isso que me convocou especificamente.
‘talvez alguém tenha dado uma dica para ele.’
com nereus morto antes da execução, eu já podia prever que usariam minha presença como substituta para seus próprios fins.
mas eu não tinha intenção de obedecer aos seus desejos.
— p-ponha as mãos para cima…!
fingindo obedecer, levantei lentamente as mãos, então coloquei o que segurava na boca e engoli.
golpe.
ouvi suas vozes chocadas enquanto minha visão escurecia e tudo se tornava silêncio.
‘merece seu status lendário.’
sempre me perguntei o que aconteceria, e agora descobri que era uma morte indolor, parecida com o sono. de certa forma, poderia ser considerada um milagre, contrastando fortemente com os dez anos de ódio sem sentido e dor autoimposta.
foi uma morte pacífica, parecida com o sono.
‘eu quero vê-los novamente.’
não podia ter certeza se conseguiria amá-los como antes, depois de dez anos de ódio.
mas eu queria vê-los novamente. desta vez, queria ouvir seus verdadeiros sentimentos até poder acreditá-los. queria agir como uma criança mimada e exigir respostas.
mas não deveria esperar mais milagres.
fui tola. aceitei esse fato enquanto sucumbia ao sono que chamava a morte.
🍓 :¹ sarcástico ou zombador: geralmente implicando que a pessoa merecia o resultado, geralmente um negativo.